domingo, 20 de fevereiro de 2011

Sábado

Dia chuvoso
Tarde de silêncio
Noite fria e mais extensa que as outras
Domingo tedioso
Como tediosa às vezes se mostra a vida
Sinto-me apegada ao sábado
ao fim de tarde de sábado da vida
Gostaria que amanhã fosse novamente sábado
Não qualquer sábado
Mas o fim de tarde de sábado da vida.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Meu Antiquário involuntário

expondo, guardando,
colecionando, somando

valorizado
estimado
disputado

com o tempo

envelhecido
esquecido e
sem cuidados,
carcomido
e enferrujado

tanto mais
corroído
e sem valor

poderia eu
querendo-te preservado
restaurar-te?

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Pela frente, pelo verso, com as palavras

Nos seus braços vivi a mais bela e pura surpresa e leveza do amor invasor
Seu cheiro e voz e toque e suspiro e silêncio, a serenidade me trouxeram 
Minha loucura de antes, dissipada pela toada deste encanto, fora desapropriada como quem mais não tem morada. 
E ao seu lado fui sendo. Inédita, entregue, absoluta. Sua.
Me desfiz dos medos e receios como quem se desfaz das roupas velhas que não mais lhe servem e apenas inutilizam um espaço no armário.
Me doei, me fiz, me recriei. Tudo isso ao seu lado, sob e sobre você, pela frente e pelo verso.
Sem remorso, sem dúvida e sem protesto. 

O abismo criado pelo seu não me fora tão invasor quanto o amor de outrora. 
Um e outro sentidos com a mesma intensidade e verdade me trouxe e me levou a sanidade.
Minha loucura então dissipada, novamente me arrebatou o espírito e eu chorei. Chorei de dor, de desencanto, de desespero, de perplexidade, de desamparo. Não acreditei, não pude, não quis. Chorei pelo abandono. Por várias vezes perdi a fome, o sono e o desejo de ser, de ser sem você.

Com o instinto de quem se agarra à vida me refiz. Como um réptil me arrastei e, me esfregando em pedras e chão áspero e hostil, troquei de pele, de cor e de dor. Esta agora doía como a dor da cura, lenta, diária e promissora.  
Não sei bem de quais promessas me apropriei. Sei que o fiz. E se hoje me olho e me gosto é porque em cada trecho do caminho reconheci mais que um itinerário, mais que um destino.