segunda-feira, 12 de novembro de 2012

À lesbica léxica e límbica


Curiosamente
quando digito a palavra “lesbica” sem acento no Word
 as opções de correção ortográfica se restringem a duas
 e nenhuma delas alude à “lésbica” com acento
Invisibilizada, as opções para ela são “léxica” e “límbica”
Assim é a “lesbica” sem acento: léxica e límbica.
A lesbica léxica traz em si seu próprio vocabulário
 E também o significado de suas relações
 uma vez que é dicionário de si mesma.
E como sentido e significado de si mesma
 a lesbica é límbica literal e figurativamente
É marginal, é vaga,
 mas é também a parte estendida das sépalas
 que, em conjunto, formam o cálice da flor.
Seria a lesbica léxica e límbica por um simples equivoco ortográfico?
Estivesse lá o acento agudo e fálico, e a lesbica quiçá fosse outra coisa!
Mas... ultimamente
 não se tem dado tanta atenção assim aos acentos
 Talvez e em parte porque o sentido é sobretudo léxico
E como léxico não se restringe à escrita da Palavra

sábado, 8 de setembro de 2012

Ato falho em cores

Tomada por uma necessidade de desenhar ou colorir, ou ambos,
rapidamente peguei papel e lápis diversos.
Em princípio, pensei, uma árvore! Eis o que quero pintar, uma árvore.
Os primeiros traços indicavam uma árvore em movimento. A árvore era uma,
pequena e de galho solitário. 
Depois dela as folhas. As que se soltavam pareciam em numero maior do que as que permaneciam.
Não me contentei. Queria uma árvore maior, maior que o movimento. Queria uma árvore soberana.
Sujeita ao movimento, de raízes frágeis, mas firme.
Acrescentei folhas e galhos. Alarguei o tronco. Intensifiquei o movimento.
E as águas insistentemente corriam em direção oposta ao vento. 
E os movimentos eram muitos. O movimento das águas, das folhas, do vento, da areia. Cada qual na cadência de uma sua musicalidade.
Sem lógica natural, os movimentos pareceram irreais, apesar de atribuírem
vida e naturalidade à imagem.
Findos os traços, parcialmente intencionais e absolutamente incontidos,
eis que a árvore se revelou para mim. 





quinta-feira, 5 de abril de 2012

Um certo "para sempre"


O meu "para sempre" era real.
Ele não se cumpriu, mas ele era real.
Ele teve um fim,
mas o meu "para sempre",
ele permaneceu.

Meu "para sempre" fez-se real.
Ele me convenceu de sua existência 
Toda cheia de previsões e de prescrições,
tantas certezas oferecem um certo "para sempre"!

Como foi que meu "para sempre" se fez real e se acabou?
Vejamos:
explicações retalhadas foram, uma a uma, costuradas umas às outras com uma linha frágil que se rompeu.
E aí, eis que ele pareceu não acabar jamais.

Mas sabe aquele meu "para sempre"?
Ele morreu.
Existe ainda, pois é "para sempre", mas não toma todo o meu tempo!