Dor de amor é como queimadura
É de fora que nos toca, mas é por dentro que devora
O quanto dura e o tempo da cura
Se são dias ou se são horas
Se é rápido ou se demora
é bom mesmo que vá embora!
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Uma e Outra
Uma quer que Outra espere
Mas Uma não sente falta de Outra
Já Outra só pensa em Uma
Como Uma prescinde da Outra
Uma e Outra são, agora, mais que duas
Mas Uma não sente falta de Outra
Já Outra só pensa em Uma
Como Uma prescinde da Outra
Uma e Outra são, agora, mais que duas
Nota sobre um caderno encharcado
Minhas incontáveis Quedas
E a cada disparada de minh'alma uma nova Queda
A cada manifestação sua uma surpresa
Estar só hoje é diferente da solidão anterior
As impressões são todas móveis
Não existe essência,
nem tampouco são as coisas todas aparências
O mundo é o que é em nós
A realidade é como a vemos
A cada manifestação sua uma surpresa
Estar só hoje é diferente da solidão anterior
As impressões são todas móveis
Não existe essência,
nem tampouco são as coisas todas aparências
O mundo é o que é em nós
A realidade é como a vemos
Transmutação reversa
Não se trata de metamorfose,
pois nada cristaliza a vivência que a precede
Se a cada dia me olho
é porque em cada um deles revejo e espero
Sou assim como uma espécie de ser pendular,
porém não sujeito a movimentos regulares
Troco de pele, troco de corpo,
substituo meu envoltório nada permanente
pois nada cristaliza a vivência que a precede
Se a cada dia me olho
é porque em cada um deles revejo e espero
Sou assim como uma espécie de ser pendular,
porém não sujeito a movimentos regulares
Troco de pele, troco de corpo,
substituo meu envoltório nada permanente
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
seu olho é um oceano de contos
o mar quente da Bahia
entre tantos enredos e idioletoscrônicas, estórias e sonetos
entre tantas vidas, idas e vindas
entre todos os cantos desbravados
entre sonhos despidos de unicidade
de verdades e universos cravados
entre tantos desejos e vislumbres,
permeados de certezas desfeitas
entre-lugares e sujeitos errantes
prosas e narrativas selvagens
entre as inconstânicas da alma
e realidades multiversais
entre tudo o que há de possibilidades
entre expectativas e saudades
entre todas as fendas da armadura
entre todos os cômodos
entro sem bater, nado sem salvaguardas,
pois seu olho é um oceano de contos
Ficto
Daquele que perdi
Quero-te
o retorno
a despedida
a cicatriz
a ferida
quero o outrora
quero agora
o depois e o apriori
o que sobrou
o que vigora
teu perdão
tua glória
quero tudo:
o sim, o não, o talvez
e tudo o mais que se desfez
Quero-te
o retorno
a despedida
a cicatriz
a ferida
quero o outrora
quero agora
o depois e o apriori
o que sobrou
o que vigora
teu perdão
tua glória
quero tudo:
o sim, o não, o talvez
e tudo o mais que se desfez
ser poeta
tod@s @s grandes poetas viveram um lado cotidiano da vida
pagaram contas ou equivalentes
sentiram tédio
ou se viram valentes
ou poetas
na embriaguez
pagaram contas ou equivalentes
sentiram tédio
ou se viram valentes
ou poetas
na embriaguez
Nunca mais
"nunca mais" é algo que se deve dizer?
"nunca mais" não se diz sem razão
todas as vezes que eu disse "nunca mais" eu menti
uma mentira vital
"nunca mais" é sempre um não
"nunca mais" não se diz sem razão
todas as vezes que eu disse "nunca mais" eu menti
uma mentira vital
"nunca mais" é sempre um não
Minhas duas estações
Minhas pretensões nunca são modestas
sejam alegrias, sejam moléstias
Desta minha desrazão, contudo
brota um tipo de infortúnio que, confesso,
me faz mais inverno que verão
Ocasionalmente sou outono,
quando de mim se despede
um bocado de folhas secas
de cores desbotadas e intensidades desfeitas
Muito mais raramente sou primavera
Eu na verdade e bem à brasileira
sou feita de duas estações:
ora sou chuva, ora sou seca
Não, na verdade não
Sou metade dilúvio
Metade sertão
sejam alegrias, sejam moléstias
Desta minha desrazão, contudo
brota um tipo de infortúnio que, confesso,
me faz mais inverno que verão
Ocasionalmente sou outono,
quando de mim se despede
um bocado de folhas secas
de cores desbotadas e intensidades desfeitas
Muito mais raramente sou primavera
Eu na verdade e bem à brasileira
sou feita de duas estações:
ora sou chuva, ora sou seca
Não, na verdade não
Sou metade dilúvio
Metade sertão
Sobre o tempo
com o passar do tempo reclamamos da sua agilidade e insistência em seguir
pelo mesmo caminho desejamos que o tempo passe mais depressa
para superar dores de amores
e outros lutos
para que entre o próximo salário
para que o ano seguinte seja melhor que este ou aquele
para que cheguem as férias
para que aconteça o que se espera e espera e espera
para a colheita vindoura
para fazer aquela viagem planejada
para se aposentar e não fazer nada
para rever alguns entes
para parar de fumar
para arrumar os dentes
e não seria um paradoxo
se não quiséssemos ao mesmo tempo
voltar e quiçá desejar que novamente
o tempo não parasse de passar
pelo mesmo caminho desejamos que o tempo passe mais depressa
para superar dores de amores
e outros lutos
para que entre o próximo salário
para que o ano seguinte seja melhor que este ou aquele
para que cheguem as férias
para que aconteça o que se espera e espera e espera
para a colheita vindoura
para fazer aquela viagem planejada
para se aposentar e não fazer nada
para rever alguns entes
para parar de fumar
para arrumar os dentes
e não seria um paradoxo
se não quiséssemos ao mesmo tempo
voltar e quiçá desejar que novamente
o tempo não parasse de passar
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Não mais quero estandartes
E aquele estandarte de amor promissor
pouco a pouco desbotou, perdeu a cor
Desconfortável e impróprio às minhas medidas
dele me despeço e me ponho nua
De um ponto não fixo, mas estável
modifico o que fui
dou adeus a um futuro vivenciado
Um futuro passado
Me defendo dos desenganos
me resguardo de alguns medos
Me fortifico e me liberto de alguns danos
O incerto hoje me agrada,
pois a certeza de antes pouco a pouco me desfigurava
agarrada que estava ao meu futuro prefigurado
Minha nudez hoje compartilhada
me aponta outras possibilidades
não mais quero estandartes
Quero mesmo esta outra parte
a quem ofereço com a mais tenra verdade
essa minha mais nova condição de liberdade
pouco a pouco desbotou, perdeu a cor
Desconfortável e impróprio às minhas medidas
dele me despeço e me ponho nua
De um ponto não fixo, mas estável
modifico o que fui
dou adeus a um futuro vivenciado
Um futuro passado
Me defendo dos desenganos
me resguardo de alguns medos
Me fortifico e me liberto de alguns danos
O incerto hoje me agrada,
pois a certeza de antes pouco a pouco me desfigurava
agarrada que estava ao meu futuro prefigurado
Minha nudez hoje compartilhada
me aponta outras possibilidades
não mais quero estandartes
Quero mesmo esta outra parte
a quem ofereço com a mais tenra verdade
essa minha mais nova condição de liberdade
domingo, 16 de janeiro de 2011
sem risco...
...sem ternura, sem medo, sem afeto, sem prisão e sem presença, sem conforto e sem latência
cem mil vezes o amor morreu.
cem mil vezes o amor morreu.
As primeiras linhas
Quando traçamos as primeiras linhas de um caminho a percorrer, tudo parece certo, inequívoco.
Nas terceiras, quartas, quintas linhas, em razão das inexatidões decorrentes das primeiras
resolvemos, quem sabe, nos arriscar
nas oitavas, nonas, décimas, mudam-se os tons e alturas das vozes, dos riscos, das certezas
finda a escala, não repetimos.
E caso aconteça

resolvemos, quem sabe, nos arriscar
nas oitavas, nonas, décimas, mudam-se os tons e alturas das vozes, dos riscos, das certezas
finda a escala, não repetimos.
E caso aconteça
é pianíssimo.
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